Santo Ambrósio - Catedral de Lima, Peru.

Dezembro

1. São Leôncio, Bispo de Fréjus (França).

2. São Cromácio, Bispo de Aquiléia, na região de Veneza. Evangelizou as regiões arrasadas pela invasão do bárbaro Alarico. (+c. 407)

3. São Francisco Xavier, sacerdote da Companhia de Jesus. Foi um dos primeiros discípulos de Santo Inácio de Loyola. Evangelizou a Índia, as Molucas e o Japão. Morreu na Ilha de San Xon, na China. Proclamado, por São Pio X, Padroeiro Universal das Missões. (+1552)

4. São João Calábria, sacerdote. Fundador da Congregação dos Pobres Servos e Servas da Divina Providência, cujo carisma consiste na evangelização e no socorro material aos pobres. Foi canonizado em 1999 por S. S. João Paulo II. (+1954)

5. II Domingo do Advento.

São Geraldo, Bispo de Braga, Portugal. (+1108)

6. São José Nguyen Duy Khang, catequista e mártir em Tonkin (Vietnã). (+1862)

7. Santo Ambrósio, Bispo de Milão (Itália) e Doutor da Igreja. (+397)

8. Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. Dogma proclamado pelo Bem-Aventurado Pio IX, em 1858.

São Teobaldo de Marly, abade cisterciense de Vaux-de-Cernay (França). (+1247)

9. São Pedro Fourier, sacerdote e fundador. (+1640)

10. São Lucas, Bispo de Isola Capo Rizzuto, na Calábria (Itália). (+1114)

11. Santos Victorico e Fusciano, mártires. (+c. séc. III)

12. III Domingo do Advento (Gaudete — Alegrai-vos).

Nossa Senhora de Guadalupe.

13. Santa Luzia.

14. São Nimattullah al-Hardini (José Kassab). Sacerdote e Assistente Geral dos Maronitas. Faleceu em 14 de dezembro de 1858, tendo nas mãos um ícone de Nossa Senhora. Suas últimas palavras foram: “Oh! Maria, eu Vos confio minha alma.”

15. Santa Maria Crucificada de Rosa, fundadora do Instituto das Servas da Caridade. (+1855)

16. Santa Adelaide. Esposa de Otão I, Imperador do Sacro Império. Governou o império durante a minoridade de Otão III. Em seus últimos anos de vida, recolheu-se no mosteiro beneditino de Selz, na Alsácia, que ela mesma fundara. (+999).

17. Santo Esturmio. Fundador e primeiro abade do mosteiro de Fulda. Foi discípulo de São Bonifácio. (+779)

18. São Gaciano, primeiro Bispo de Tours. Pregou o Evangelho na Gália. (séc. III)

19. IV Domingo de Advento.

20. São Domingos de Silos.

21. Bem-Aventurado Pedro Friedhofen. Religioso, fundador. (+1860)

22. Quarenta e três santos monges do Rhaiti. Mártires no Egito. (+c. séc. IV)

23. Santo Antônio de Sant’Anna Galvão. Sacerdote franciscano, fundador do Convento concepcionista da Luz. Morreu em 23 de dezembro de 1822. Foi canonizado durante a viagem apostólica de Sua Santidade Bento XVI ao Brasil, no ano de 2007.

24. Santa Paula Elisabetta Cerioli. Nasceu em Cremona (Itália), e ao ficar viúva fundou o Instituto dos Irmãos e Irmãs da Sagrada Família. (+1865)

25. Natal do Senhor.

26. Sagrada Família.

27. São João, apóstolo e evangelista.

28. Santos Inocentes, mártires.

29. São Tomás Becket. Mártir. (+1170)

30. São Raniero, Bispo de Furcone (atual L’Aquila), Itália. (+1077)

31. Santa Catarina Labouré, religiosa “Filha da Caridade”. Foi a ela que Nossa Senhora apareceu, no convento da Rue du Bac, Paris, em 1830. A Santíssima Virgem ordenou-lhe divulgar a Medalha Milagrosa.

Foi por aclamação popular que Santo Ambrósio ascendeu à dignidade episcopal: “vox populi, vox Dei”.

A respeito de Santo Ambrósio, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja, Dom Guéranger fornece alguns traços biográficos:

Ainda adolescente, Ambrósio apresentava gravemente sua mão para ser osculada por sua mãe e sua irmã porque, dizia ele: “Esta mão será um dia a de um Bispo”.

Vemos o que é a compenetração da dignidade episcopal: Como essa mão viria a ser um dia a de um Bispo, beije-a desde já. E fazia isso não por vaidade, nem por orgulho, mas por amor à dignidade episcopal. É realmente magnífico!

A honra de pertencer à Igreja

Pode-se crer que se a vontade divina não tivesse irrevogavelmente condenado o Império Romano a perecer, influências como as de Ambrósio, exercidas sobre um príncipe de coração reto, teriam evitado sua ruína. Sua máxima era firme, mas ela não devia ser aplicada senão nas sociedades novas, que surgiriam depois da queda do Império.

Santo Ambrósio dizia: Não há titulo mais honroso para um imperador do que “filho da Igreja”. O imperador é membro da Igreja, e não está acima dela.

Santo Ambrósio e outros Doutores da Igreja precisaram lutar contra uma tradição que permaneceu entre os imperadores romanos cristãos, a qual procedia do tempo do paganismo.

Na época do paganismo clássico, não havia propriamente uma igreja pagã, nem a distinção entre as duas sociedades, igreja e Estado, como Nosso Senhor Jesus Cristo instituiu. Mas o Estado pagão era um Estado-igreja, que, ao mesmo tempo, promovia a vida temporal, o culto e dispunha a respeito de todos os assuntos religiosos. De maneira que os imperadores romanos habitualmente se consideravam chefes da religião. E, quando eles morriam, eram até “deificados”, elevados à condição de deuses.

Quando surgiu o Cristianismo, muitos imperadores romanos, por hábito mental, se consideravam os chefes da Religião Católica, dando origem a enormes atritos, como o de Santo Ambrósio com o Imperador Teodósio.

É conhecido o fato de que o Imperador Teodósio, não querendo subordinar-se à ordem de Santo Ambrósio, Bispo de Milão, foi à igreja, acompanhado de todo o seu séquito, depois de ter sido excomungado. Ele encontrou Santo Ambrósio com seu clero na entrada do templo, que lhe proibiu entrar. E Teodósio retrocedeu.

Então, Dom Guéranger comenta esta máxima de Santo Ambrósio: “Nada é mais honroso para o imperador do que ser filho da Igreja. O imperador está na Igreja, e não acima da Igreja.”

O apostolado de presença pode ser mais frutífero do que a própria ação. Disto Santo Ambrósio deu provas muito eloquentes em face de Santo Agostinho.

Vox populi, vox Dei

(L’Année liturgique – première section: L’Avant. Dom Prosper Guéranger.)

Santo Ambrósio encontrava-se na cidade de Milão, revestido da autoridade de seu cargo, na ocasião em que o povo desentendia-se no tocante à eleição do sucessor do falecido bispo ariano Auxence.

Ambrósio dirigiu-se, pois, à igreja para cumprir suas obrigações de ofício e procurar acalmar a sedição que estava se montando.

Entretanto, após um discurso eloquente, no qual abordava longamente a conveniência da paz e da tranquilidade nas coisas públicas, repentinamente uma criança gritou: “Ambrósio Bispo!” Ao que todo o povo respondeu igualmente com “Ambrósio Bispo!”, manifestando assim seu apoio a esta escolha.

Como Ambrósio recusasse esta dignidade, resistindo aos desejos da assembleia, o voto ardoroso do povo foi transmitido ao Imperador Valentiniano, que ficou muito agradado de que os magistrados de sua escolha fossem elevados às honras do sacerdócio.

O Prefeito Probus não ficou menos agradado. Quando da saída de Ambrósio, ele tinha lhe dito, como se fora um pressentimento profético: “Ide e agi, não enquanto Juiz, mas como Bispo.”

Assim, a vontade imperial e a voz do povo estando unidas, Ambrósio foi batizado (pois que era ainda catecúmeno), recebeu as ordens sacras, passou por todas as etapas prescritas pela disciplina da Igreja, e oito dias após sua eleição, a sete de dezembro, recebeu o encargo episcopal.

Como Bispo, foi um intrépido campeão da Fé e da disciplina eclesiástica, trouxe de volta à verdade da Fé muitos arianos e outros hereges, entre os quais gerou para Jesus Cristo Santo Agostinho, tocha sagrada da Igreja.

Quer dizer, para o imperador o grande título de honra é o de católico. Por isso, após a queda do Império Romano, os soberanos católicos colocavam toda a sua honra em ligar seus cargos a títulos religiosos. Assim surgiram o Sacro Império Romano Alemão e os títulos de Rei Apostólico para os reis da Hungria; Rei Cristianíssimo aos da França; Defensor da Fé, concedido a Henrique VIII da Inglaterra, antes de ele apostatar; Reis Católicos aos soberanos da Espanha; Rei Fidelíssimo ao monarca de Portugal.

É bonita a observação feita por Dom Guéranger, pois o título imperial ou real, que é o mais alto dos títulos humanos, vale pouco se não vem conjugado de alguma forma com a Igreja Católica.

Entusiasta da virgindade

Santo Ambrósio é um dos Padres do quarto século que mais vivamente exprimiu as grandezas do ministério na pessoa de Maria. Esta terna predileção por Nossa Senhora explica o entusiasmo de que Ambrósio estava repleto pela virgindade cristã, da qual ele merece ser considerado o doutor especial. Nenhum dos Padres o igualou no encanto e na eloquência com os quais ele proclamou a dignidade e a felicidade das virgens.

Fotos: S. Hollmann / Anonimo

Fotos: S. Hollmann / Anonimo
À esquerda, Santo Agostinho (Colegiata de Roncesvalles); à direita, Santo Ambrósio (Igreja da Sagrada Família – Windsor, Canadá).

Esse é um lindo título que cabe a Santo Ambrósio. De todos os Doutores da Igreja, foi o que melhor estudou a virtude da virgindade; aquele que, com delicadeza de linguagem e de alma inexcedível, soube tratar do tema de maneira a não só firmar a convicção de que a virgindade é uma virtude excelsa, mas ainda proporcionar uma verdadeira apetência da virgindade. Valeria a pena, algum dia, comentarmos aqui os sermões de Santo Ambrósio sobre a virgindade; é tudo quanto há de mais belo.

Zeloso pela dignidade externa

Santo Ambrósio preocupava-se com que os ministros da Igreja apresentassem grande dignidade externamente. Não aceitava em seu clero quem não tivesse uma presença respeitosa. Assim, não admitiu um seu amigo porque notou em seu modo de andar algo menos próprio.

Conheço o caso de uma senhora, cujo filho estava querendo ser padre. Certa vez ela entrou num bonde e viu um padre tão sujo de tabaco, com o cabelo tão despenteado, que essa senhora disse o seguinte: “Meu filho jamais será padre.”

Era um raciocínio errado, mas com certo fundo de razão. Quer dizer, se numa classe os homens se apresentam assim, não convém pertencer a essa classe. A ideia é muito verdadeira: quando uma pessoa é altamente respeitável, até no seu físico uma respeitabilidade transparece. Compreende-se, portanto, como Santo Ambrósio tinha profundamente razão.

Apostolado de presença

Santo Ambrósio combateu os hereges e converteu Santo Agostinho.

Santo Agostinho conta que ele tinha verdadeira fascinação por Santo Ambrósio. Então, de vez em quando, ele ia à casa do santo Bispo de Milão, metia-se na sala onde ele estava escrevendo e ficava sentado, na esperança de que Santo Ambrósio lhe dissesse alguma palavra. E Santo Ambrósio, muito ocupado com os trabalhos, não dava entrada a Santo Agostinho. Mas, pelo fato de ver Santo Ambrósio trabalhar, estar ali na atmosfera criada pelo Bispo de Milão, ele sentia que aquilo fazia muito bem para sua alma.

Por isso, e devido a alguns colóquios que eles tiveram, bem como por causa das obras de Santo Ambrósio, algumas das quais Santo Agostinho conheceu antes da conversão, se pode dizer que Santo Ambrósio cooperou constantemente para esse fato que talvez seja o mais importante da sua vida: não foram os livros que ele escreveu, nem as obras que realizou, mas ter convertido Santo Agostinho. Somente essa conversão é um capítulo na História do mundo e na História da Igreja.

Vemos aqui duas coisas bonitas em Santo Ambrósio: em primeiro lugar, o apostolado de presença.

Insistimos tanto sobre o alcance desse apostolado. Muitas pessoas pensam que valem para o nosso Movimento na medida em que falam, atuam, trabalham. Claro está que isso tudo é muito bom. Mas há um apostolado de presença, que pode ser muito melhor; e desse fato deu provas muito eloquentes Santo Ambrósio em face de Santo Agostinho.

De outro lado, notamos a confiança na Providência Divina. Se Santo Ambrósio fosse superficial, ele cessaria todos seus trabalhos para fazer uma pescaria apostólica com Santo Agostinho. Depois ele iria trabalhar desordenadamente; pior, minguaria seus livros e escreveria uns livrequinhos superficiais, para ter tempo de conversar com Santo Agostinho.

Porém, confiante na Providência, no amor de Deus, na Igreja Católica, ele fazia o que estava dentro de suas possibilidades. Era vontade de Deus que Santo Ambrósio escrevesse um livro, e ele o fazia com perfeição. E que Santo Agostinho aproveitasse as beiradas que encontrasse; Deus haveria de prover. E, de fato, proveu.

Quer dizer, essa confiança na Providência, não querer fazer loucuras, absurdos, mas ser temperante, inclusive no próprio zelo apostólico, é rica em lições para nós.

(Extraído de conferências de 7/12/1964 e 6/12/1966)