Santo Elias, Profeta.

Julho

1. Bem-Aventurado João Nepomuceno Chrzan, Sacerdote da Arquidiocese de Gniezno, Polônia. Martirizado por ódio à Fé, no campo de concentração nazista de Dachau, em 1º de julho de 1942.

2. São Swithun de Winchester. Bispo dessa cidade inglesa. (+ 862)

3. São Tomé, Apóstolo. Célebre é a sua exclamação, ao tocar as chagas de Jesus Ressuscitado: “Meu Senhor e meu Deus!”

4. XIV Domingo do Tempo Comum.

5. Santo Antonio Maria Zaccaria, presbítero fundador dos Clérigos Regulares Barnabitas. (+ 1539)

6. Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir. Morreu aos 11 anos de idade, defendendo sua pureza. Pio XII canonizou-a em 1950. (+ 1902)

7. Santo Edda, Bispo de Winchester, Inglaterra. (+ 706).

8. Santo Adriano III, Papa entre 884 e 885. Morreu em viagem à Alemanha, e foi sepultado no mosteiro de Nonantola, perto de Modena.

9. Santa Paulina do Coração Agonizante, Fundadora. Desde 2002 é a primeira santa brasileira. (+ 1942)

10. São Pedro Viccioli, Presbítero e abade. (+ 1007)

11. XV Domingo do Tempo Comum.

12. Beata Marta do Bom Anjo (Marie Cluse) e 31 companheiras, Mártires em Orange, durante a Revolução Francesa. (+ 1794)

13. Santo Henrique, Imperador do Sacro Império, juntamente com sua esposa, Santa Cunegunda, expandiu a Igreja Católica, instituindo sedes episcopais e fundando mosteiros. (+ 1024)

14. São Camilo de Lellis. Fundador dos Clérigos Regulares para o serviço dos enfermos (Camilianos). (1550-1614)

15. São Boaventura, Religioso franciscano, Bispo, Cardeal e Doutor da Igreja. Chamado “Doutor Seráfico”. (+ 1274)

16. Nossa Senhora do Carmo. No Monte Carmelo teve o Profeta Elias a visão da nuvenzinha que simbolizava a futura Mãe de Deus. Em 16 de julho de 1251, São Simão Stock, geral dos Carmelitas, recebeu o Escapulário das mãos d’Ela.

17. Santas Justa e Rufina, Mártires em Sevilha. (+ 305)

18. XVI Domingo do Tempo Comum.

19. Santa Macrina, a Jovem. Primogênita de uma família querida por Deus. Foram seus irmãos São Basílio Magno, São Gregório de Nissa — Padres da Igreja —, e de São Pedro de Sebaste. Seu lar foi um pequeno mosteiro de contemplação. Morreu assistida por São Gregório. (séc. IV)

20. Santo Elias, Profeta do Antigo Testamento. Padroeiro da Ordem do Carmo. (séc. IX a.C)

21. Santo Arbogasto. Bispo de Estrasburgo. (+ 660)

22. São Felipe Evans e São João Lloyd, Sacerdotes jesuítas e Mártires, em Cardiff, no País de Gales, sob a perseguição religiosa em 1679.

23. Santa Brígida de Suécia, Fundadora da Ordem do Santíssimo Salvador. (séc. XIV)

24. Santos João Boste, Mártir sob a perseguição de Elisabeth I, na Inglaterra dividida pelo cisma anglicano.

25. XVII Domingo do Tempo Comum.

26. São Joaquim e Santa Ana. Pais da Santíssima Virgem. (séc. I)

27. São Pantaleão, Mártir. Médico da Nicomédia, morreu na perseguição do Imperador Maximiniano. Todos os anos, às vésperas da sua festa, o sangue dele se liquefaz, no Mosteiro da Encarnação, de Madrid. (+ séc. IV)

28. São Vitor , Papa. (séc. II)

29. Santa Marta. Irmã de Lázaro, acolheu Nosso Senhor mais de uma vez em sua casa, em Betânia. (séc. I)

30. São Pedro Crisólogo, Bispo de Ravenna (Itália) e Doutor da Igreja. (380-450)

31. Santo Inácio de Loyola, Sacerdote. Fundador dos jesuítas. (1491-1556)

É bem verdade que os grandes feitos tornam notórios muitos homens. Entretanto, o que dizer de quem obteve fogo do céu, fez cessar a chuva, e invectivou, ademais, rei, coorte e sacerdotes?

O Antigo Testamento viu passar diante de si um ardoroso profeta: Elias o “ígneo”.

A vida do Profeta Elias pode ser dividida em etapas: o enfrentamento com o Rei Acab, o arrebatamento num carro de fogo.

O homem do Deus de Israel

Na primeira delas, vemos Elias colocado diante do povo de Israel, bem amado de Deus, mas governado pelo Rei Acab, que por sua vez era dominado por sua esposa Jezabel, uma mulher ímpia. Esta havia introduzido o culto do deus imoral, impúdico1, Baal, entre o povo eleito.

Diante disso, Elias pregava contra Baal e fazia todo o possível para que o rei e a rainha se convertessem, dando assim o bom exemplo, e os judeus voltassem ao culto do verdadeiro Deus. Mas na realidade as palavras dele não tiveram resultado. Os soberanos continuaram na idolatria.

S. Hollmann

Compreende-se que dentro dessa situação de tal maneira péssima, a cólera de um homem altamente virtuoso como Elias atingisse limites extraordinários, pois não havia outro caminho. Começa ele, então, a dar o grande de sua vida.

“Quem sabe vosso deus está dormindo?”

Com efeito, naturalmente por ordem de Deus, ele trancou o céu e não choveu durante três anos. E aquele povo, que vivia da agricultura e da criação de gado, não conseguia mais se manter: as ervas definhavam, o gado não tinha o que comer; a fome, a desolação e a miséria se instalavam por todos os lados.

Passados três anos, por ordem de Deus, Elias foi ao encontro do monarca, desafiando os sacerdotes de Baal a uma confrontação no alto do Monte Carmelo.

Elias, com majestade, obteve a sua vitória sobre os baalitas: “Escolham um novilho para o sacrifício e façam o altar! Depois iniciem vocês por pedir ao seu deus que envie fogo e consuma a vítima em holocausto. Eu farei depois o mesmo. O deus que ouvir será o verdadeiro.”

Eles começam a implorar, a chamar e a executar danças religiosas, provavelmente impúdicas, pois Baal era o deus da imoralidade e da imundície; nada acontecia. Elias debicava deles: “Quem sabe se seu deus está dormindo! Gritem mais alto!” E eles gritavam, dançavam com mais frenesi e começaram então a se cobrir de sangue, cortando-se, para que Baal ouvisse.

Passados três anos, por ordem de Deus, Elias foi ao encontro do monarca, desafiando os sacerdotes de Baal a uma confrontação no alto do Monte Carmelo.

Elias e Acab

1Rs 17,1;18,1-2;17-41;45. (transcrição condensada)

Elias, o tesbita, um habitante de Galaad, veio dizer a Acab: “Pela vida do Senhor, Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá nestes anos orvalho nem chuva, senão quando eu o disser.”

Passado muito tempo, Elias partiu e foi apresentar-se a Acab. A fome devastava violentamente a Samaria.

Ao vê-lo, Acab lhe disse: “Eis-te aqui, o perturbador de Israel!” “Não sou eu o perturbador de Israel,” respondeu Elias, “mas tu, sim, e a casa de teu pai, porque abandonastes os preceitos do Senhor e tu seguiste aos Baals. Convoca, pois, à montanha do Carmelo, junto de mim, todo o Israel com os quatrocentos e cinquenta profetas de Baal e os quatrocentos profetas de Assera, que comem à mesa de Jezabel.”

Anônimo
Profeta Elias diante de Acab.

Elias, aproximando-se de todo o povo (reunido no Monte Carmelo), disse: “Se o Senhor é Deus, segui-O, mas se é Baal, segui a Baal!” O povo nada respondeu. Elias continuou: “Dê-se-nos um par de novilhos: eles (sacerdotes de Baal) escolherão um, fá-lo-ão em pedaços e o colocarão sobre a lenha, mas sem meter fogo por baixo; eu tomarei o outro novilho e pô-lo-ei sobre a lenha, sem meter fogo por baixo. Depois disso, invocareis o nome de vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor. Aquele que responder pelo fogo, esse será reconhecido como o (verdadeiro) Deus.”

Eles (sacerdotes de Baal) tomaram o novilho que lhes foi dado e fizeram-no em pedaços. Em seguida, puseram-se a invocar o nome de Baal desde a manhã até o meio-dia, gritando: “Baal, responde-nos!” Mas não houve voz, nem resposta. E dançavam ao redor do altar que tinham levantado. Sendo já meio-dia, Elias escarnecia-os, dizendo: “Gritai com mais força, pois (seguramente!) ele é deus; mas estará entretido em alguma conversa, ou ocupado, ou em viagem, ou estará dormindo… e isso o acordará.” Eles gritavam, com efeito, em alta voz, e retalhavam-se segundo o seu costume, com espadas e lanças, até se cobrirem de sangue.

Passado o meio-dia, (como) não houve voz, nem resposta, nem sinal algum de atenção, Elias reparou o altar demolido do Senhor, tomou doze pedras, segundo o número das doze tribos saídas dos filhos de Jacó, e erigiu com elas um altar ao Senhor. Fez em volta do altar uma valeta, com a capacidade de duas medidas de semente. Dispôs a lenha e colocou sobre ela o boi feito em pedaços. E disse: “Enchei quatro talhas de água e derramai-a em cima do holocausto e da lenha.” Depois disse: “Fazei isso segunda vez.” Tendo-o eles feito, disse: “Ainda uma terceira vez.” A água correu em volta do altar e a valeta ficou cheia.

O profeta Elias adiantou-se e disse: “Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, saibam todos hoje que sois o Deus de Israel, que eu sou vosso servo e que por vossa ordem fiz todas estas coisas. Ouvi-me, Senhor, ouvi-me: que este povo reconheça que vós, Senhor, sois Deus, e que sois vós que converteis os seus corações!” Então, subitamente, o fogo do Senhor baixou do céu e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, a poeira e até mesmo a água da valeta. Vendo isso, o povo prostrou-se com o rosto por terra, e exclamou: “O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!”

Elias disse-lhes: “Tomai agora os profetas de Baal, não deixeis escapar um só deles!” Tendo-os o povo agarrado, Elias levou-os ao vale de Cison e ali os matou. Depois disto Elias disse a Acab: “Vai, come e bebe, porque já ouço o ruído de uma grande chuva.”

Num instante, o céu se cobriu de nuvens negras, soprou o vento e a chuva caiu torrencialmente.

Mas, quando o sol chegou a pino, o prazo designado por Elias cessou. Ele então, abstraindo da presença daquela gente, construiu um altar, molhou-o com abundância, para impedir qualquer dúvida de que houvesse algum artifício ou fraude, e depois invocou a Deus a fim de que fizesse descer o fogo do céu.

Imaginemos a grandeza da cena! O povo de Israel e diante dele um altarzinho singelo, mas enormemente respeitável, com um boi esquartejado em cima, tudo molhado e também cercado por um valo cheio de água; todos atentos.

Consideremos a majestade da hora da invocação de Elias. Homem venerável, já com a barba branca, provavelmente com uma túnica alva que lhe ia até os pés, ele reza ao Senhor, pedindo que afinal viesse o fogo do céu para provar ser Ele o verdadeiro Deus.

Elias, com uma prece simples, cheia de beleza, obteve a vinda do fogo. Podemos imaginar um fogo lindíssimo, com labaredas entre azul e vermelho, que desciam do céu e penetravam na carne daquele boi; um fogo de tal maneira devorador que consumiu as pedras do altar e fez evaporar toda a água colocada em torno dele. À medida que o fogo descia, Elias se tornava mais majestoso e grandioso, e, quando tudo estava queimado, o povo reconheceu: “Tu és verdadeiramente o homem do Deus de Israel”, prosternou-se por terra e adorou a Deus.

Elias é arrebatado num carro de fogo

2Rs 2,1-2;7-12.

Eis o que se passou no dia em que o Senhor arrebatou Elias ao céu num turbilhão: Elias e Eliseu partiram de Gálgala, e Elias disse a Eliseu: “Fica aqui, porque o Senhor me mandou a Betel.” “Por Deus e por tua vida, respondeu Eliseu, não te deixarei.”

Anônimo
Elias sendo arrebatado no carro de fogo.

Seguiram-nos cinquenta filhos de profetas os quais pararam ao longe, diante deles, enquanto Elias e Eliseu se detinham à beira do Jordão. Elias tomou o seu manto, dobrou-o e feriu com ele as águas, que se separaram para as duas bandas, de modo que atravessaram ambos a pé enxuto.

Tendo passado, Elias disse a Eliseu: “Pede-me algo antes que eu seja arrebatado de ti: que posso eu fazer por ti?” Eliseu respondeu: “Seja-me concedida uma porção dobrada do teu espírito.” “Pedes uma coisa difícil,” replicou Elias. “Entretanto, se me vires quando eu for arrebatado de ti, isso te será dado: mas se não me vires, não te será dado.” Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu num turbilhão. Vendo isso, Eliseu exclamou: “Meu pai, meu pai! Carro e cavalaria de Israel!” E não o viu mais.

A segunda fase da vida de Elias é misteriosa: num carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, ele é arrebatado em meio a um redemoinho.

T. Ring

Exaltabit caput suum

A segunda fase da vida de Elias é misteriosa. Num carro de fogo, puxado por cavalos de fogo, ele é arrebatado num redemoinho.

Sua vida nos abre perspectivas certamente deslumbrantes. Porque para ser glorificado assim é preciso ter passado por humilhações sem conta. Só fundam as instituições muito seguras os homens que passaram por todas as inseguranças! Só fundam as nações muito intrépidas os homens que se expuseram a todos os riscos! Só abrem grandes sulcos de glória na História os homens que sofreram toda espécie de humilhações! De torrente in via bibet, propterea exaltabit caput suum — Beberá da torrente no caminho; por isso, erguerá a sua fronte2. Quer dizer, trata-se de parcelas de gelo que se derretem e descem ao longo dos morros; e um viajante pobre e desamparado de recursos se põe de quatro para beber no chão, como um animal. Esse está no último da humilhação. Ele bebeu da torrente. Por isso, sua cabeça, sua fronte, será exaltada!

M. Shinoda

E sua glória se manifestou a eles

Devemos nos lembrar também de outro fato grandioso: Elias no monte Tabor, no dia da Transfiguração. Que predileção extraordinária! Nosso Senhor Jesus Cristo vai Se transfigurando e sua glória interna vai se manifestando aos Apóstolos que não cabem em si de deslumbramento. Ao lado d’Ele duas figuras aparecem. Nosso Senhor, não contente de manifestar a sua grande glória, quis mostrá-la em dois servos eminentes, por Ele especialmente amados: Moisés e Elias.

Imaginemos todas as glórias que houve na História: os generais que obtiveram as vitórias mais brilhantes; os demagogos aclamados pelas multidões mais estrepitosas; os monarcas que receberam as homenagens mais reverentes; os sábios que tenham sido objeto de veneração dos homens mais ilustres e mais admirativos; os Santos diante dos quais se tenham dobrado as maiores multidões. O que tudo isso representa em comparação com a glória de Elias ao lado de Nosso Senhor no Tabor?

(Extraído de conferências de 20/7/1991, 24/11/1990 e 20/7/1983)

1) Palavra grafada como o autor a pronunciava, procurando dar-lhe melhor sonoridade.

2) Sl 109, 7.